2021 foi de preços recordes para milho e de duras quebras de safra

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milho

     Porto Alegre, 23 de dezembro de 2021 – O ano de 2021 no mercado brasileiro de milho foi marcado por preços recordes e por duríssimas quebras na produção, sobretudo na safrinha. O clima foi extremamente desfavorável especialmente para a segunda safra, com falta de chuvas e com geadas, o que garantiu a manutenção de elevadas cotações e de preocupações com o abastecimento.

     Foi um ano que começou especulativo, devido aos estoques de passagem muito baixos, como lembra o consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari. Depois, seguiu-se uma perda na safra de verão no Sul e adiante ainda uma histórica quebra da safrinha, como lembra. “A situação levou o país a cortar exportações e saltar para uma importação de 3 milhões de toneladas no ano”, comenta.

     O agravante deste quadro, como ressalta Molinari, é que o mercado internacional também registrou acentuadas elevações de preços com a entrada da China nas compras de milho de origem norte-americana. Isto reduziu os estoques norte-americanos e provocou fortes altas na Bolsa de Chicago. “Este movimento de preços externos mais a desvalorização do Real no Brasil gerou uma dificuldade maior para importar milho e agravou o quadro de abastecimento nacional”, aponta o consultor.

     No balanço do ano até o dia 22, tomando o mercado contínuo na Bolsa de Chicago (primeira posição), o preço do milho avançou de US$ 4,84 por bushel (31/12/2020) para US$ 6,02, acumulando alta de 24,4%. Mas, no pico de preço em maio a cotação chegou a bater em US$ 7,75, com preocupações com o clima para a safra americana e as notícias de compras chinesas.

     Basicamente, como coloca o consultor, o grande fator externo de 2021 foi o surgimento da China como grande importadora e que modificou a estrutura do mercado internacional. Já internamente, a quebra histórica da safrinha gerou a necessidade de conter as exportações no segundo semestre para atender a demanda interna brasileira.

     De forma geral, como indica Molinari, as perdas de produção foram muito ruins para os produtores e os preços muito altos criaram dificuldades no setor consumidor. “Por um lado, preços recordes no mercado de carnes equilibraram o quadro de custos. Por outro, os preços mais altos do milho neutralizaram parte das perdas de produção”, avalia.

     Certamente, pondera Molinari, o ano foi de boa rentabilidade no agronegócio, apesar de todas as variáveis registradas na produção. “Os produtores pensavam em vender safrinha a R$ 50,00 a saca em média e chegamos a níveis de R$ 80,00/90,00 em média. Portanto, apesar das perdas de produção, os preços parecem ter compensado”, diz.

     Foi um ano difícil em que nem todos conseguiram aproveitar o movimento de preços devido a perdas de produção e por ter realizado contratos antecipados a preços mais baixos, aponta. Ele coloca que houve movimentos inesperados aos preços internacionais e no mercado brasileiro, e muitos produtores não aproveitaram totalmente os benefícios da alta. 

     No balanço do ano no mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Campinas/CIF subiu na base de venda de R$ 83,00 a saca ao final de 2020 para R$ 93,00 a saca (no dia 22 de dezembro de 2021), alta de 12,0%. Na região Mogiana paulista, o cereal avançou no comparativo anual de R$ 80,00 para R$ 90,00 a saca, elevação de 12,5%.

     Em Cascavel, no Paraná, no comparativo anual até o dia 22 de dezembro, o preço avançou de R$ 77,00 para R$ 92,00 a saca, valorização de 19,5%. Em Rondonópolis, Mato Grosso, a cotação passou de R$ 67,00 para R$ 80,00 a saca no balanço do ano, uma alta de 19,4%. Já em Erechim, Rio Grande do Sul, houve elevação de 16,7%, com o preço passando de R$ 84,00 para R$ 98,00.

     Em Rio Verde, Goiás, na base de venda, o ano mostrou alta de 13,9%, com a cotação passando de R$ 72,00 ao final de 2020 para R$ 82,00 a saca na quinta-feira, 22 de dezembro. Em Uberlândia, Minas Gerais, no mesmo comparativo, a cotação subiu de R$ 73,00 para R$ 88,00 a saca, +20,55%.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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