2021 pode ter mais espaço para altas no mercado de café

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    Porto Alegre, 30 de dezembro de 2020 – No mercado internacional de café o ano de 2021 aponta para uma inversão de comportamento, com o quadro saindo de um superávit na oferta após uma safra recorde em 2020 do Brasil. Os preços internacionais podem ter mais espaço para alta.

     Para o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a menor oferta brasileira, diante da quebra da safra brasileira de 2021 pelo ciclo bienal da cultura e problemas climáticos deve oferecer suporte às cotações. “A expectativa é que ganhos sejam mais significativos no arábica negociado na ICE US, que no robusta negociado na ICE Europa”, estima.

     Por outro lado, o dólar tende a ficar mais fraco. O avanço da vacinação no mundo e a retomada das atividades globais deve reduzir a aversão ao risco, o que favorece commodities, mas deve pesar contra a moeda norte-americana (ativo de proteção). “Temos a expectativa de diferenciais mais apertados, com safra menor no Brasil. Em linhas gerais, a incerteza financeira e as dúvidas produtivas (definição da próxima safra brasileira) devem trazer volatilidade, especialmente nos primeiros meses do ano. A expectativa é que os preços mantenham o traçado médio de alta, iniciado em 2020”, acredita o consultor.

     A safra recorde do Brasil em 2020 favorece a recuperação dos estoques ao final da temporada 2020/21 (julho/junho), comenta Barabach. SAFRAS & Mercado revisou para cima a estimativa de produção de 2020/21 do Brasil para a 69,50 milhões de sacas. “O grande volume ajuda a recompor os níveis de estoques, depois de finalizar a temporada comercial 2019/20 em apenas 1,69 milhão de sacas. A disparada do dólar ao longo do primeiro semestre de 2020 elevou o interesse de venda e impulsionou as exportações”, comenta. O resultado foram embarques de 40,31 milhões de sacas entre julho/19 a junho/20, enxugando a disponibilidade física e reduzindo drasticamente os estoques.  Barabach destaca as vendas de conilon, especialmente na transição entre os ciclos comerciais.

      Esses estoques baixos somados à produção recorde colhida esse ano garantem para a temporada 2020/21 uma oferta de 71,19 milhões de sacas. A projeção preliminar é que o consumo interno se recupere e cresça 2,6%, alcançando 24 milhões de sacas, avalia o consultor. “O cenário otimista está atrelado ao avanço da vacinação e de retomada da atividade econômica”, pondera.

     Já as exportações totais devem superar o patamar de 42 milhões de sacas, batendo novo recorde. O fluxo acelerado de venda associado ao elevado comprometimento por parte dos produtores sustenta essa perspectiva externa.

     Mas, mesmo com o forte fluxo externo e com o avanço da demanda doméstica, o ano vai ser de recuperação dos estoques, observa, projetados ao final de junho de 2021 em 4,94 milhões de sacas. Isso traria a relação estoque-consumo para 21%. Apesar da alta, os estoques ainda devem ser os mais baixos desde temporada 2015/16, excetuando o atípico ano de 2019/20. E isso é uma informação importante, diz Barabach, uma vez que já se trabalha com ideia de uma quebra grande na safra brasileira 2021. Safras aponta quebra no arábica de 30% e no geral de 18%, o que traria a produção nacional para apenas 57,10 milhões de sacas.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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