Alta da arroba do boi se deve à forte demanda chinesa – Live SAFRAS

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     Porto Alegre, 3 de julho de 2020 – Os bons patamares de preços registrados para a arroba do boi no Brasil ao longo de 2020, oscilando neste momento entre R$ 218 a R$ 220 em São Paulo, se devem a dois fatores fundamentais: a forte demanda para a carne bovina por parte da China e a reduzida oferta de gado no início da entressafra no país. A avaliação parte do analista de SAFRAS & Mercado, Fernando Iglesias, em live no Instagram de SAFRAS realizada nesta sexta-feira, com apresentação do jornalista e editor chefe da Agência SAFRAS, Dylan Della Pasqua. O tema da live foi “Tendências para a pecuária de corte no segundo semestre”.

     Conforme Iglesias, diferentemente da carne de frango e suína, que tiveram um declínio bastante expressivo dos preços no cenário interno por conta dos efeitos econômicos da pandemia de coronavírus, o bom volume de exportações de carne bovina acabou contribuindo para que o impacto nas cotações da arroba fosse menos significativo, mesmo tendo havido uma queda na demanda por cortes nobres.

     Iglesias afirma que houve um aumento na demanda por cortes de dianteiro do boi, de preços mais atrativos ao consumidor, o que acabou evitando um impacto maior nos preços. “Se não tivéssemos os efeitos econômicos da pandemia, com o fechamento de várias atividades comerciais e redução de abates de até 50% em boa parte dos frigoríficos que atuam apenas no mercado doméstico, o preço da arroba do boi em São Paulo poderia estar em um patamar ainda maior agora, na casa de R$ 250,00 no mercado paulista”, disse.

     Para o analista, as exportações de carne bovina ao longo do primeiro semestre, bem como de frango e suíno, evitaram uma situação ainda mais delicada no mercado doméstico, que vem sofrendo com a restrição de renda por parte da população. “O fator cambial foi o grande responsável para garantir um bom desempenho dos embarques de proteína animal. O dólar apresentou uma grande variação nos últimos meses, oscilando de R$ 4,85 e ficando próximo de R$ 6,00, diante das taxas de juros mais baixas no Brasil e do cenário de instabilidade política”, pontua.

     Iglesias ressalta que o déficit na oferta de proteínas animais da China, por conta da peste suína africana, fez com que o país acelerasse o ritmo de compras das carnes bovina, de frango e suína do Brasil, principalmente no segundo trimestre do ano. “Apenas para ter uma ideia, houve um aumento de 40% nas compras de carne de frango do Brasil pela China de janeiro a maio. Para a carne suína, na mesma comparação, a elevação foi ainda mais expressiva, superando 160%. Já na carne bovina o aumento das compras superou 128%”, sinaliza. Esse movimento tende a ser mantido no segundo semestre também.

     Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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