Analista recomenda atenção a clima e câmbio para negociar trigo – Live SAFRAS

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Porto Alegre, 21 de agosto de 2020 – Antes de negociar, os vendedores e compradores de trigo no mercado brasileiro devem observar as variações climáticas e cambiais no curto prazo. Segundo o analista da SAFRAS Consultoria, Jonathan Pinheiro, que participou de live no Instagram de SAFRAS & Mercado, nesta sexta-feira, com a entrada da safra no Brasil, o principal fator de atenção é o clima no Rio Grande do Sul e no Paraná.

“É preciso ver se haverá, ou não, a ocorrência de geadas e, posteriormente, de perdas nos dois estados. Há, também, a tradicional preocupação com as chuvas no período da colheita. Qualquer mudança pode alterar os preços. Quebras expressivas tendem a acentuar a alta nas cotações. Essas alterações também dependem da volatilidade cambial”, analisou.

Câmbio decisivo

Pinheiro considera que a taxa cambial do dólar com o real segue decisiva. A atual projeção de SAFRAS & Mercado, de 6,664 milhões de toneladas nesta temporada é a segunda maior dos últimos anos. Em 2016/17, o Brasil colheu 6,7 milhões de toneladas. “Mas não tínhamos, então, preços tão elevados quanto agora. Isso se deve à quebra do ano passado, quando colhemos 5 milhões de toneladas e à forte alta do dólar”, explicou o analista.

No mesmo período de 2019, a tonelada do trigo no Rio Grande do Sul era cotada em torno de R$ 780,00. Agora, fica entre R$ 1.000 e R$ 1.100, conforme Pinheiro. No Paraná, o trigo é negociado entre R$ 1.200 e R$ 1.300,00 por tonelada, acima dos R$ 900,00 por tonelada um ano atrás.

Graças ao câmbio, “mesmo com a entrada da safra, devemos seguir com preços atrativos”. Para setembro, o analista projeta as cotações do Paraná em torno de R$ 1.100,00 por tonelada, caindo para R$ 900,00 em outubro. Ele ressalta, no entanto, que as estimativas levam em conta o número atual para a produção nacional. Qualquer alteração na safra deve alterar as cotações.

Pinheiro ainda destaca que, o dólar elevado pode mais que compensar a queda dos preços de referência no mercado internacional, mantendo caras as importações. “Buscar fora do Mercosul tem custos logísticos mais elevados e isso também abre espaço para preços mais altos no Brasil. O produtor não vai vender barato se o comprador tiver que buscar lá fora o trigo muito mais caro”.

Conforme o analista, pelas paridades de importação, levando em conta a taxa cambial, o trigo da Argentina, do Paraguai e do Uruguai chega no CIF de São Paulo entre R$ 1.400 e R$ 1.500,00 por tonelada. O trigo canadense chega entre R$ 1.600 e 1.700,00. O norte-americano chega por volta de R$ 1.700,00 a tonelada. “Com a entrada das safras brasileira, argentina e do hemisfério norte, os preços devem recuar”, lembra.

Comercialização

A comercialização no momento é lenta. “Com a oferta escassa, ao longo dos últimos meses, a indústria vem sendo abastecida por importações. Os preços seguem firmes justamente por causa da menor liquidez no mercado. Quem pode, prefere esperar a entrada da safra para comprar”, explica.

No último ano, a retirada da Tarifa Externa Comum (TEC) trouxe ganho de competitividade para compradores buscarem preços mais atrativos. No ano comercial 2019/20, o Brasil importou 730 das 750 mil toneladas livres da TEC. “Esse número deve crescer nesta temporada 20/21”, projeta.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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