Após preços históricos, soja perde força na 2ª quinzena de maio

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     Porto Alegre, 29 de maio de 2020 Maio foi marcado por dois cenários bem distintos em termos de comercialização e preços no mercado brasileiro de soja. As oscilações foram comandadas pelo câmbio, que atingiu o maior patamar da história na primeira quinzena do mês, mas no balanço do período registrou desvalorização.

     Em Rio Grande, a saca de 60 quilos iniciou o mês a R$ 105,50. No dia 14 de maio, a cotação no disponível bateu em R$ 117,00. No dia 28, o preço era de R$ 106,00. Em Paranaguá, a cotação subiu de R$ 103,00 para R$ 114,50 na primeira quinzena. No dia 28, o preço era de R$ 106,00.

     A oscilação na saca teve comportamento igual em Rondonópolis, no Mato Grosso. No início do mês, a saca tinha preço de R$ 94,50. No dia 14, bateu em R$ 103 e encerrou o mês na casa de R$ 97,00.

     O câmbio foi decisivo para o desempenho dos preços brasileiros. A moeda americana iniciou maio a R$ 5,437. Na máxima do mês, esbarrou na casa de R$ 6,00, fechando a R$ 5,904 no dia 13 de maio. No fechamento do dia 28, a cotação da moeda era de R$ 5,386.

     Os produtores aproveitaram o bom momento da primeira quinzena e negociaram um bom volume a preços históricos. Com o recuo cambial, os vendedores se retraíram, travando a comercialização. Bem capitalizado, o sojicultor aguarda agora um cenário mais favorável.

     Os contratos futuros negociados na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) tiveram desvalorização de 0,96% entre 1 e 28 de maio, encerrando a quinta com a posição julho, a mais negociada, a US$ 8,47 por bushel. Mas diante do comportamento do dólar e dos prêmios firmes nos portos, Chicago ficou em segundo plano na configuração das cotações.

     Para junho, o mercado permanece dividindo atenções entre os impactos socioeconômicos da pandemia de coronavírus ao redor do mundo e fatores ligados à oferta e à demanda do complexo soja nos principais países produtores e consumidores. A questão envolvendo a demanda chinesa pela soja norte-americana volta a ganhar peso diante da renovação das tensões entre Estados Unidos e China.

     No lado da oferta, o mercado acompanha os trabalhos de plantio da nova safra dos EUA, que permanecem avançando em ritmo acelerado. O clima continua favorecendo a evolução das máquinas e o desenvolvimento inicial das lavouras já semeadas.

     No Brasil, a forte demanda por exportação somada a um câmbio ainda elevado diante das tensões internacionais e fatores políticos, econômicos e sanitários internos mantém os preços da soja firmes, favorecendo os vendedores. Apesar disso, o apetite por compras maiores no mercado interno diminuiu nos últimos dias.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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