Após temor por coronavírus, ano é de recuperação ao algodão

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     Porto Alegre, 23 de dezembro de 2020 – O mercado de algodão foi o que mais sofreu desde o início do ano, quando foram relatados os primeiros casos do novo coronavírus. Em meados de março, o vírus foi classificado como pandemia, gerando confinamentos ao redor do mundo, que acarretaram em uma forte crise econômica. A fibra foi a commodity que mais sentiu, por não ser um produto indispensável à população, ao contrário dos alimentos.

     O recrudescimento da pandemia foi aumentando o temor de redução na demanda global da pluma. Por outro lado, fizeram a cotação do dólar disparar frente ao real, trazendo competitividade ao Brasil no cenário exportador. Tal fato reduziu a oferta interna e passou a trazer suporte aos preços domésticos.

     Outro fato a se destaque é que, durante a fase mais crítica da pandemia, as fiações tiverem suas operações suspensas ou realizadas de forma parcial. “Como as vendas no varejo, mesmo que em menor volume, continuaram acontecendo, o mercado de fios ficou desabastecido”, explica o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento. “Para atender a demanda imediata e recompor seus estoques, os compradores precisaram voltar de forma mais agressiva ao mercado, impulsionando as cotações em direção à paridade de exportação”, pondera.

     Com a reabertura gradual das economias pelo mundo, a pluma começou a reagir na Bolsa de Nova York. A boa demanda pelo produto norte-americano, principalmente por parte da China, também trouxe suporte às cotações. Agora, em dezembro, a demanda pela fibra dos Estados Unidos segue forte, com as exportações semanais do país ultrapassando a barreira de 400 mil fardos seguidamente.

     O relatório de dezembro de oferta e demanda Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) corroborou o quadro altista aos preços. O USDA estimou os estoques finais 2020/21 dos EUA em 1,241 milhão de toneladas em dezembro, contra 1,568 milhão de toneladas de novembro. A produção foi estimada em 3,473 milhões de toneladas, contra 3,721 do mês anterior e abaixo dos 4,335 milhões de toneladas do ano passado.

     Para o mundo o USDA estimou estoques finais 20/21 em 21,232 milhões de toneladas em dezembro, contra 22,086 milhões de toneladas de novembro e 21,.646 milhões de toneladas na temporada anterior. Para a produção em 20/21, o USDA estimou 24,798 milhões de toneladas em dezembro. No último mês de novembro a estimativa era de 25,279 milhões de toneladas e, na temporada anterior, de 26,592 milhões de toneladas. Em relação às vendas líquidas, o total registrado na semana ficou em 87,750 mil toneladas, o maior volume semanal desde maio de 2020.

     No mercado doméstico, a pluma valia R$ 3,83 por libra-peso CIF São Paulo no dia 22 de dezembro. Em relação a igual momento de 2019, representa uma elevação de 42,91%.

     Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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