Após testar US$ 2,50, café cai em NY com correção e realização de lucros

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     Porto Alegre, 07 de dezembro de 2021 – A Bolsa de Mercadorias de Nova York (Ice Futures US) para o café arábica encerrou as operações desta terça-feira com preços acentuadamente mais baixos.

     Em mais uma sessão de muita volatilidade, NY teve ganhos em boa parte do dia diante dos aspectos fundamentais altistas. NY testou a linha de US$ 2,50 novamente no contrato março, chegou a atingir máxima de 252,35 centavos, mas reverteu e caiu com correção técnica e realização de lucros dos comprados.

    Nos fundamentos, o mercado segue sustentado pela apreensão com a safra de 2022 do Brasil, duramente atingida por secas e pelas geadas de julho. Os estoques certificados da ICE estão no patamar mais baixo em quase um ano, com as indústrias se socorrendo destes grãos neste momento, mais baratos diante dos empecilhos logísticos com fretes altos, falta de contêineres e outros aspectos.

     O momento é de aumento na demanda no Hemisfério Norte, com a chegada da temporada de frio nos Estados Unidos e Europa. As importações norte-americanas vêm crescendo. Em outubro, o país importou no total 2,340 milhões de sacas, aumento de 23% contra setembro, quando as importações foram de 1,870 milhão de sacas.

     Porém, segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, depois de alcançar máxima de 10 anos, com a posição Março/2022 trocando de mãos a 252,35 cents, o café acabou passando por realinhamento negativo. Sinais de sobrecompra (IFR estava em 70%) serviram de estímulo ao movimento de realização de lucros dos comprados. “Fundamentalmente, o mercado segue muito firme, especialmente para o curto prazo, diante da oferta disponível muito curta e dos problemas com o fluxo mundial”, lembra.

     “Em todo caso, o café subiu muito nos últimos pregões e o mercado esticado pedia algum ajuste. Mesmo assim, a posição Março na ICE US continua acima das linhas mais curtas e distante dos parâmetros de 40 e 100 períodos, sustentando um bom aspecto técnico.

OIC

     A Organização Internacional do Café (OIC) divulgou seu relatório mensal de acompanhamento do mercado. Segundo a OIC, a produção global de café no ano-safra 2020/21 (outubro-setembro) totalizou 169,641 milhões de sacas de 60 quilos, alta de 0,4% na comparação com 2019/20 (168,000 milhões de sacas), e ante as 169,635 milhões de sacas apontadas em novembro. A produção mundial de café arábica atingiu 99,268 milhões de sacas em 2020/21 (+2,3%). Por outro lado, a safra de robusta caiu 2,2%, totalizando 70,375 milhões de sacas.

    Já o consumo global de café em 2020/21, segundo OIC, atingiu 167,670 milhões de sacas, com alta anual de 1,9% (164,528 milhões de sacas em 2019/20). Em novembro, a estimativa para a demanda global de café em 2020/21 era de 167,148 milhões de sacas. Com isso, o mercado global de café teve superávit entre a oferta e a demanda na ordem de 1,971 milhão de sacas em 2020/21, após um excedente de 4,472 milhões de sacas observado em 2019/20. Em novembro, a OIC estava apontando um excedente de 2,487 milhões de sacas para 2020/21.

     Os contratos com entrega em março/2022 fecharam o dia a 243,30 centavos de dólar por libra-peso, queda de 6,55 centavos, ou de 2,6%. A posição maio/2022 fechou a 242,60 centavos, baixa de 6,20 centavos, ou de 2,5%.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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