Brasil fecha safra 2019/20 com embarques de café de quase 40 mi scs

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     Porto Alegre, 17 de julho de 2020 – O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgou neste começo de semana o relatório com os números fechados da temporada 2019/20, que iniciou em julho de 2019 e terminou agora no encerramento de junho. E o Brasil encerrou a temporada com o segundo melhor desempenho da história. As exportações somaram no total (café em grão e industrializado) 39,9 milhões de sacas de 60 quilos.

     Houve declínio de 3,6% nas exportações da temporada 2019/20 contra 2018/19, quando o país embarcou um total recorde de 41,4 milhões sacas (recorde). O Cecafé destaca o crescimento de 22,7% nas exportações de café robusta, na comparação com o ano-safra 2018/19.

     A receita cambial na safra 2019/20 foi de US$ 5,1 bilhões, o que representa uma queda de 5,9% em relação ao período anterior. Já o preço médio foi de US$ 128,04.

     No mês de junho deste ano, o Brasil exportou 2,8 milhões de sacas de café, com receita cambial de US$ 327,5 milhões, equivalente a R$ 1,7 bilhão (aumento de 19,9% em reais em relação a junho de 2019) e preço médio de US$ 116,96. Houve queda de 9,8% contra os embarques de junho do ano passado, que foram de 3,1 milhões de sacas.

     O mercado internacional de café, até esta quinta-feira (16), teve mais uma semana de pressão sobre as cotações. Na Bolsa de Nova York, o café arábica manteve-se abaixo da importante linha de US$ 1,00 a libra-peso. No Brasil, mercado mantendo um ritmo lento na comercialização, atento ao avanço da colheita.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o avanço da safra recorde brasileira continua pesando contra as cotações da bebida na bolsa nova-iorquina. “Por isso, a curva de preço continua bem achatada e vulnerável a testar novos fundos. Essa lógica é quebrada, eventualmente, diante de algum receio climático ou de uma mudança de humor no mercado financeiro”, aponta. Porém, os mapas climáticos não indicam risco de frio intenso para as lavouras de café nas próximas semanas. E isso, talvez, explique a postura bem mais tranquila dos fundos e as operações de desmonte da proteção climática, pondera Barabach.

     Já no lado financeiro, como indica Barabach, os investidores atravessam um momento de dúvida. Se por um lado querem acreditar em uma retomada da atividade econômica, por outro, não conseguem tirar da cabeça o medo com uma 2a onda da Covid-19. “Assim, O café vem encontrando muita dificuldade para sustentar ganhos”, afirma.  

     O mercado físico interno de café manteve ritmo calmo na semana, com negócios envolvendo pequenos lotes e concentrados em interesses localizados. “Mas, como a safra é grande, a soma desses pequenos lotes acaba gerando um bom volume de vendas, que vai garantindo a liquidez ao fluxo externo. Os preços físicos de café oscilaram pouco ao longo da última semana, diante da falta de direção das principais variáveis (ICE e dólar)”, comenta o consultor.

     A bebida boa do Sul de Minas, nesta quinta-feira, era indicada a R$ 490,00 a saca no disponível. Mesmo com o dólar ajudando, a descrição tem dificuldade em recuperar a linha de R$ 500,00 a saca. Já o café fino do Cerrado gira ao redor de R$ 515,00 a saca e não consegue uma reaproximação com o preço alcançado no início do mês, quando estava em R$ 535,00 a saca. Barabach avalia que as bebidas mais fracas de qualidade também vêm andando de lado. O café rio com 20% de catação na Zona da Mata de Minas gira em torno de R$ 370,00 a saca. “Já o café conilon é o único que mostra alguma firmeza, encontrando suporte no dólar mais alto e na demanda externa agressiva”, aponta. O tipo 7 capixaba troca de mãos a R$ 350,00 a saca.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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