Com pandemia, safra de cana 2020/21 quase foi suspensa – Biosul

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Cana

     Porto Alegre, 26 de abril de 2021 – A safra de cana, açúcar e etanol de 2020/21 do Mato Grosso do Sul, encerrada no último dia 31 de março, passou por momentos de tensão e perspectivas muito ruins, quando eclodiu a pandemia do novo coronavírus, há mais de um ano. Em março de 2020, o mercado se deparou com uma retração assustadora no consumo de combustíveis, em meio a cotações negativas do petróleo. O estado é o quarto maior produtor nacional de cana, e o quinto na produção de açúcar e etanol.

    O presidente da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Roberto Hollanda Filho, em coletiva de imprensa virtual na manhã desta segunda-feira, revelou que o maior temor entre os associados foi a possibilidade de suspensão da safra. “Com os tanques de etanol enchendo, na medida em que o lockdown provocaria forte redução na demanda de combustíveis, as usinas teriam que parar de produzir por falta de espaço nos reservatórios”, disse ele.

    Os preços do petróleo despencaram em março de 2021, impactando a gasolina e o etanol, consequentemente. “Nosso principal concorrente ficou com um preço irreal”, apontou Filho. Mas, aos poucos, com as usinas adotando medidas preventivas de combate ao novo coronavírus, conforme as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e também do Ministério da Saúde, a situação, se não se normalizou completamente, começou a ficar menos complicada. A consequência prática foi uma maior migração das usinas para a produção de açúcar, que tinha um bom momento no mercado internacional, resultando em uma produção recorde na safra 2020, e também na produção de álcool para fins sanitários. As usinas do Mato Grosso do Sul doaram mais de 300 mil litros de álcool para o setor de saúde, além de mais de 30 mil máscaras.

     “Fomos declarados logo no início da pandemia como um setor essencial, fornecedor de alimentos e energia, e logo passamos a nos portar de acordo. Adotamos os protocolos de combate ao coronavírus, de acordo com as estritas recomendações dos órgãos de saúde”, salientou o presidente da Biosul.

     O ano, além da pandemia, foi marcado pelo início do Renovabio, política de incentivo à produção de bioenergia e da redução das emissões de carbono na atmosfera. As unidades produtoras do estado aderiram em peso ao programa. Já no primeiro ano do Renovabio, 16 usinas locais estão certificadas. Essas usinas produziram mais de três bilhões de CBios, ou 16% da oferta nacional. Cada CBio equivale a uma tonelada de carbono a menos emitida na atmosfera.

     “Esperamos um ano mais equilibrado em 2021, particularmente no mercado de açúcar. A Índia, grande produtora mundial de açúcar, complica o mercado com seus subsídios à exportação, que estamos contestando na Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas a Índia está agora dando um grande passo em direção ao etanol, aumentando a mistura à gasolina. Isso é muito positivo para o mercado, que deve estar mais equilibrado em termo de oferta”, finalizou Hollanda Filho.

     Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS

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