Coronavírus impulsiona dólar e soja sobe mais de 11% desde o início de março

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     Porto Alegre, 3 de abril de 2020 – O ritmo dos embarques de soja no Brasil seguiu dentro da normalidade em março, em meio à pandemia do coronavírus e todas as consequência para a economia com o isolamento social e as restrições determinadas por uma série de países. Os preços da oleaginosa subiram e a comercialização ganhou força no período.

     “Por enquanto as exportações estão normais. Tivemos aquelas ameaças de paralisação no porto de Santos, mas nada se confirmou”, frisou o analista de SAFRAS & Mercado, Luiz Fernando Roque.

     Na avaliação de Roque, o governo vai fazer de tudo para que nenhum Porto paralise suas operações. “Os embarques estão normais. O que está acontecendo é um pouco de atraso nos embarques. Uma parte dessas operações previstas para março pode ser deslocada para abril. Alguns de abril podem ser adiados maio, mas nada que comprometa o volume que o Brasil vai exportar na temporada. Foram poucos cancelamentos. Uma que outra carga foi cancelada”, resume o analista

     Segundo ele, há uma possibilidade de atraso porque em alguns portos há menos mão de obra, “mas nada que seja alarmante”.  Roque destaca que os registros de exportação estão bem fortes. “Claro que é importante continuar monitorando e vendo o que vai acontecer daqui para frente, mas a princípio está tudo dentro do normal”, reitera.

     Conforme o analista, é importante destacar que a China está voltando com força para o mercado e há notícias de que o esmagamento chinês está voltando a aumentar. “A demanda chinesa deve ficar forte nas próximas semanas’, completou.

     Nos portos brasileiros, a saca de 60 quilos da soja acumulou valorização de mais de 11% no mês passado. Em Rio Grande, o preço bateu em patamar histórico, subindo 11,4% e pulando de R$ 92,00 para R$ 102,50. Comportamento semelhante ocorreu em Paranaguá, onde a cotação subiu 11,6%, saltando de R$ 90,50 para R$ 101,00.

     O impulso aos preços foi dado pelo câmbio. O dólar subiu 15,95% em março e 29,5% no trimestre, encerrando o mês na casa de R$ 5,20 – hoje bateu em R$ 5,30 – e dando competitividade à soja brasileira. Nem mesmo o comportamento negativo dos contratos futuros conteve os preços domésticos.

     Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos com vencimento em maio tiveram queda de 1,17% em março e de 8,93% no trimestre. No encerramento de abril, a posição era cotada a US$ 8,82 ¼ por bushel.

     Exportações

     As exportações de soja em grão do Brasil renderam US$ 3,978 bilhões em março (22 dias úteis), com média diária de US$ 180,8 milhões. A quantidade total exportada pelo país no período chegou a 11,644 milhões de toneladas, com média diária de 529,3 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 343,90.

     Na comparação entre a média diária de março e fevereiro, houve uma alta de 82,5% no valor médio diário exportado, de 86,2% no volume embarcado. O preço médio teve perda de 2%. Na comparação com março de 2019, houve alta de 13,7% na receita média diária e de 18,9% no volume. O preço caiu 4,3%.

     O line-up, a programação de embarques nos portos brasileiros, indica 11,057 milhões de toneladas já programadas para o mês de abril. De janeiro a março, o line-up aponta o embarque de 21,578 milhões de toneladas.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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