Cotações do café caíram com força nas bolsas e no Brasil em setembro

961

    Porto Alegre, 02 de outubro de 2020 – O mercado internacional do café teve um mês de setembro de fortes quedas nas cotações. As perdas foram puxadas pela desvalorização do arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização da commodity. O robusta também caiu em Londres e o mercado físico brasileiro de café seguiu essa descida nas cotações.

Thank you for reading this post, don't forget to subscribe!

     O contrato dezembro na Bolsa de NY acumulou queda de 14% no mês de setembro. Como destaca o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a posição Dezembro iniciou o mês testando resistências, chegando a trocar de mãos a 135,45 cents na máxima do dia 04 de setembro. “Fundos ativos na ponta compradora davam o tom dos negócios. A proteção climática, diante da falta de chuva no Brasil, e o receio de ‘squeeze’, frente os estoques certificados muito baixos na bolsa de NY (menores em 20 anos) justificava a postura destes agentes na bolsa norte-americana”, comenta.

     Faltavam chuvas para a abertura de floradas, que vão resultar na safra de 2021 do Brasil, que será naturalmente menor dentro do ciclo bienal da cultura. Porém, Barabach diz que o fato é que a alta foi puxada demais, e o mercado já dava sinais de sobrecompra. “E bastou a previsão de chuvas para áreas de café no Brasil, quebrando, com isso, a longa estiagem na região, para desencadear uma forte onda de ordens de venda, que foram ganhando força à medida que suportes foram sendo rompidos”, avalia.

     O consultor indica que o que começou com ajuste na curva de preços acabou se transformando em uma mudança mais expressiva de comportamento, trazendo a cotação a 110,95 cents no fechamento de setembro em NY. Entre o pico do começo de setembro e a cotação do fechamento, houve uma perda acumulada de 18%. “O tombo é grande, mas o saldo ainda é positivo, uma vez que a posição acumulou ganho de 40% no rally anterior à recente queda”, atenua o consultor.

     Ele observa que o foco de curto prazo são as floradas no Brasil. As chuvas das últimas semanas foram insuficientes para amenizar o quadro de déficit hídrico, servindo apenas para induzir as primeiras floradas, que em geral foram fracas. “Nesse sentido, segue a expectativa por chuvas e uma segunda e grande florada. Já a chegada da safra de Colômbia, Centrais e Vietnã ao mercado ao longo do último trimestre do ano deve elevar a oferta disponível, mexendo com os preços e trazendo pressão adicional às cotações”, acredita.

     O mercado virou para outubro testando e rompendo a importante linha de US$ 1,10 a libra-peso para baixo neste dia 01 de outubro. “A perda dessa linha pode estimular novas ordens de venda e forçar tecnicamente o mercado ainda mais para baixo”, alerta o consultor. O “mercado de clima” com as floradas da safra 2021, em especial, e também a sequência da temporada de furacões no Caribe devem servir de guia fundamental ao mercado até o final ano. “A esperada recuperação dos estoques certificados na ICE US com avanço da oferta de Colômbia e Centrais também deve seguir no radar. O balizador é o comportamento dos fundos, que seguem em seu realinhamento de carteira”, conclui.

     Em Londres, o café robusta acumulou em setembro uma desvalorização de 8,7%, tomando como base o contrato novembro.

     No mercado físico brasileiro de café, a alta do dólar, que subiu no comercial 2,55% no balanço mensal, atenuou o impacto da queda na Bolsa de Nova York. O ritmo dos negócios foi lento ao longo do mês. O produtor já está adiantado na comercialização da safra 2020, está capitalizado no geral, e agora dosa a oferta, esperando melhores momentos da bolsa de NY e do câmbio para negociar alguma coisa. Assim, as negociações em setembro foram “picadas” e regionalizadas. Mesmo com essas características, o país exportou expressivas 3,684 milhões de sacas em setembro, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

     No balanço mensal, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais caiu em setembro de R$ 605,00 para R$ 530,00 a saca na base de compra, uma baixa de 12,4%. O conilon tipo 7 em Vitória Espírito Santo recuou de R$ 408,00 para R$ 395,00 a saca, baixa de 3,2%.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

Copyright 2020 – Grupo CMA