Cotações do café sobem em novembro com apreensão com safra brasileira

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    Porto Alegre, 27 de novembro de 2020 – O mercado internacional do café teve um mês de novembro de muita volatilidade e de avanço nas cotações nas bolsas de futuros. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização da commodity, o arábica subiu bem e venceu ao longo do mês a importante linha de US$ 1,20 a libra-peso. No Brasil, as cotações também avançaram no mercado, com os produtores dosando bem a oferta.

     A preocupação do mercado com a oferta foi mais nítida em novembro, com a falta de chuvas e altas temperaturas em muitas regiões brasileiras sendo uma contínua ameaça à safra de 2021. A produção que será colhida ano que vem será naturalmente menor devido ao ciclo bienal da cultura. E ainda o clima desfavorável em muitas regiões já gera indicações de perdas irreversíveis, que podem crescer caso o regime de chuvas não melhore.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, até o momento, a expectativa é que a safra será menor, por conta de bienalidade e do clima adverso. O percentual de quebra que se fala para a próxima safra varia bastante entre produtores, tradings e agentes financeiros. SAFRAS & Mercado, preliminarmente, indica uma safra menor entre 14% e 19%. “As chuvas irregulares e a previsão de tempo seco para as próximas semanas voltaram a acender o sinal de alerta para uma temporada de rendimento mais baixo nas lavouras”, avalia.

     O melhor humor no mercado financeiro em geral, especialmente na segunda metade de novembro, também contribuiu para a sustentação do café. As bolsas de valores subiram, o petróleo avançou, outras commodities acompanharam, e o dólar caiu contra o real e outras moedas. Em que pese a preocupação com a segunda onda de Covid-19 na Europa e nos Estados Unidos e projeções mais cautelosas sobre a economia mundial, o avanço nos testes com resultados positivos de várias vacinas pelo mundo animou os mercados.

     Por outro lado, Barabach comenta que o abastecimento de café segue tranquilo. O tufão no Vietnã e o furacão na América Central, que agitaram o mercado há algumas semanas, gerando pequenas bolhas especulativas, no geral, trouxeram estragos pequenos para o café. Algum atraso no andamento da colheita e escoamento. “Com isso, volta a pesar sobre os preços o forte fluxo de embarques, especialmente do Brasil, bem como, a expectativa de avanço de suaves com avanço das exportações de Centrais e Colômbia”, comenta.

     No balanço mensal, o contrato março do arábica em NY subiu de 106,85 para 117,15 centavos de dólar por libra-peso até o dia 26, acumulando uma valorização de 9,6%. Na Bolsa de Londres, o robusta subiu de US$ 1.351 para US$ 1.409 a tonelada no balanço mensal.

     No mercado físico brasileiro de café, as cotações também avançaram para o arábica, embora a baixa do dólar tenha limitado a subida. O dólar comercial caiu 7% no mês até o dia 26. O café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu no comparativo mensal de R$ 530,00 para R$ 565,00 a saca. No balanço mensal, o conilon tipo 7 em Vitória Espírito Santo recuou, porém, de R$ 405,00 para R$ 400,00 a saca.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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