Cotações recordes do milho em março com oferta restrita

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     Porto Alegre, 01 de abril de 2021 – O mercado brasileiro de milho manteve o quadro de preços em elevação ao longo de março, atingindo recordes. A colheita do cereal trouxe apenas pontuais pressões sobre as cotações no mês. Porém, a oferta limitada na maior parte do tempo manteve o milho sustentado, com a volatilidade cambial e na Bolsa de Chicago mexendo com o mercado nos portos.

     A concentração das atenções e dinâmicas do mercado seguiu na soja em março. Comercialização e logística se voltaram mais para a oleaginosa. Assim, o milho manteve-se deixado em segundo plano pelos produtores, o que restringiu a oferta e garantiu suporte às cotações.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Paulo Molinari, o plantio da safrinha vai chegando ao seu final. “Atrasada, mas plantada, a safrinha 2021 tem agora dois pontos fundamentais a frente, ou seja, o desenvolvimento do clima e a incidência de cigarrinha nas próximas semanas. O atraso de plantio não chega a ser um problema grave diante da área recorde plantada, desde que o clima seja favorável neste outono brasileiro”, diz.

     Por outro lado, avalia o consultor, há um abastecimento interno a ser atendido até a entrada da safrinha e o prolongamento da entressafra passa a ser fundamental para os preços neste momento. “Sazonalmente, o mercado interno brasileiro tem um contexto especulativo com o clima na safrinha. Mesmo com plantio ocorrendo na maior parte em fevereiro, em anos favoráveis, há as tensões com o clima no Centro-Oeste do país e com geadas precoces no Paraná, principalmente. Em 2021, a safrinha está sendo plantada 70% da sua área em março”, indica.

     As lavouras irão para a fase crítica de produção em maio e junho, período sazonal em que as chuvas são mais reduzidas no Centro-Oeste e as temperaturas caem acentuadamente no Sul. “Por isso, o ambiente de tensão sobre o clima desta safrinha será importante para a formação de preços internos, para a decisão de venda pelo produtor e para a configuração do abastecimento até agosto. Isto em função de que o atraso de plantio deriva para um atraso de colheita e prolonga a entressafra”, alerta Molinari.

     Molinari indicou que o mercado na região Sul passou a registrar preços diferenciados na semana e mais altos. No Rio Grande do Sul os preços saltaram para R$ 90,00/94,00 no interior, Santa Catarina R$ 90,00 e Paraná R$ 88,00/92,00. “Estamos ainda na colheita da safra de verão nestas regiões e os preços seguem em alta mesmo na colheita”, observa.

     No mercado disponível ao produtor, o preço do milho em Campinas/CIF subiu na base de venda em março de R$ 90,00 a saca para R$ 100,00, alta de 10%. Na região Mogiana paulista, o cereal avançou no comparativo de R$ 87,00 para R$ 96,00 a saca, elevação de 10,3%.

     Em Cascavel, no Paraná, no comparativo mensal de março, o preço saltou de R$ 83,00 para R$ 95,00 a saca, aumento de 14,5%. Em Rondonópolis, Mato Grosso, a cotação passou de R$ 74,00 para R$ 80,00 a saca no balanço do mês, incremento de 8,1%. Já em Erechim, Rio Grande do Sul, houve elevação de 10,6%, com o preço passando de R$ 85,00 para R$ 94,00.

     Em Uberlândia, Minas Gerais, as cotações do milho subiram no mês de R$ 76,00 para R$ 85,00 a saca na base de venda, aumento de 11,8%. Em Rio Verde, Goiás, o mercado avançou de R$ 77,00 para R$ 86,00 a saca, elevação de 11,7%.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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