Dólar acima de R$ 4,75 deve animar mercado interno de soja

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    Porto Alegre, 9 de março de 2020 – A semana inicia conturbada no mercado internacional, com petróleo caindo mais de 20% e as bolsas despencando ao redor do mundo. O impacto do coronavírus sobre a economia mundial é motivo de preocupação.

    Para o mercado doméstico de soja, a boa notícia é que o dólar disparou, superando R$ 4,75. Lembrando que o fator câmbio foi decisivo para sustentar cotações internas e acelerar a comercialização. Em contrapartida, Chicago cai 2%. Mas a tendência é de preços firmes no Brasil, com produtor aproveitando o dólar para negociar.

COMERCIALIZAÇÃO

* A comercialização da safra 2019/20 de soja do Brasil envolve 61% da produção projetada, conforme relatório de SAFRAS & Mercado, com dados recolhidos até 6 de janeiro. No relatório anterior, com dados de 7 de fevereiro, o número era de 49,8%.

* Em igual período do ano passado, a negociação envolvia 42,7% e a média para o período é de 45,5%. Levando-se em conta uma safra estimada em 124,554 milhões de toneladas, o total de soja já negociado é de 75,942 milhões de toneladas.

* A venda antecipada para 2020/21 pulou de 5,2% no início de fevereiro para 14%. Como SAFRAS ainda não tem projeção de safra para a próxima temporada, a base para cálculo foi a de uma produção igual a desse ano. Ou seja, cerca de 17,5 milhões de toneladas já foram comprometidas.

CHICAGO

* Os contratos da soja em grão com vencimento em maio recuam 17,50 centavos de dólar por bushel, o equivalente a 1,96%, cotados a US$ 8,73 3/4.

* O mercado segue a queda generalizada das commodities, seguindo a derrocada nas cotações do petróleo, que caem mais de 20%.

* O barril sente o impacto da guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita, após o fracasso das negociações na última reunião da Opep. Os sauditas aumentaram a produção, derrubaram os preços e tentam forçar a Rússia a acertar a proposta de corte. Mas o governo russo disse que o país aguenta 10 anos com petróleo a US$ 25 o barril.

* Além disso, há também pressão exercida pelo alastramento do coronavírus e às restrições impostas pelo surto, o que poderá carretar em um desaquecimento da economia mundial.

* O USDA anunciou a venda de 123,5 mil toneladas por parte dos exportadores privados para destinos não revelados, com entrega em 2019/20.

USDA

* O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deverá indicar elevação nos estoques finais dos Estados Unidos de soja em 2019/20. O relatório de março do Departamento será divulgado às 13hs.

* Analistas consultados pelas agências internacionais apostam que o USDA indicará estoques americanos em 440 milhões de bushels, contra 425 milhões indicados em fevereiro.

* Os estoques globais da oleaginosa deverão ser elevados de 98,9 milhões de toneladas para 100,4 milhões de toneladas em 2019/20. A safra brasileira deverá ficar em 125 milhões de toneladas e a da Argentina, em 53,4 milhões. Os atuais números do USDA são de 125 milhões e 53 milhões, respectivamente.

PREMIOS

* O prêmio em Paranaguá para março ficou em 45 a 50 pontos acima de Chicago. Para abril, o valor é de 37 a 43 pontos acima.

CÂMBIO

* O dólar comercial opera com forte alta frente ao real desde a abertura dos negócios refletindo a crise do petróleo no qual o preço da commodity derrete nos menores níveis em quase 30 anos em meio à tensão entre Arábia Saudita e Rússia.

* A evolução do coronavírus na Itália e em outros países, como no Brasil, também sustenta a forte aversão ao risco que prevalece em todos os ativos. Após o leilão de dólar à vista do Banco Central (BC), a moeda desacelerou a alta que chegou perto de 3,5%.

* Às 9h55 (de Brasília), a moeda estrangeira operava em alta de 2,50% no mercado à vista, cotada a R$ 4,7500 para venda, depois de renovar a máxima histórica intraday a R$ 4,7940 (+3,45%). O contrato para abril tinha alta de 2,48%, a R$ 4,7520. Lá fora, o Dollar Index caía 0,85%, aos 95,133 pontos. As principais moedas de países emergentes se depreciam frente ao dólar, com destaque para o peso mexicano que recua quase 6%.

INDICADORES FINANCEIROS

* Bolsas da Ásia fecharam em forte baixa. Xangai, -3,01%; Tóquio, -5,38%.

* As bolsas na Europa recuam forte. Paris, -7,46%; Frankfurt, -7,28%; e Londres, -7,54%.

* O petróleo opera em baixa acentuada. Abril do WTI em NY: US$ 32,61 o barril (-21,1%).

* O Dollar Index registra perda de 1,03%. a 94,92 pontos.

MERCADO INTERNO

* Com dólar e Chicago recuando, o ritmo dos negócios diminuiu nesta sexta no mercado brasileiro. Os preços oscilaram entre estáveis e mais baixos. Após a boa movimentação da semana, os negociadores optaram por uma postura mais retraída.

* Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos permaneceu em R$ 90,00. Na região das Missões, a cotação seguiu em R$ 89,50. No porto de Rio Grande, o preço ficou em R$ 94,50.

* Em Cascavel, no Paraná, o preço baixou de R$ 85,50 para R$ 84,50 a saca. No porto de Paranaguá (PR), a saca caiu de R$ 93,50 para R$ 92,50.

* Em Rondonópolis (MT), a saca seguiu em R$ 82,00 a saca. Em Dourados (MS), a cotação permaneceu em R$ 81,00. Em Rio Verde (GO), a saca baixou de R$ 81,00 para R$ 80,00.

AGENDA

– Inspeções de exportação semanal dos EUA – USDA, 12hs.

– Balança comercial de fevereiro – Ministério da Economia, 15hs.

—-Terça-feira (10/03)

– China: O índice de preços ao consumidor de fevereiro será publicado às 22h30 pelo departamento de estatísticas.

– China: O índice de preços ao produtor de fevereiro será publicado às 22h30 pelo departamento de estatísticas.

– Eurozona: A terceira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2019 será publicada às 7h pela Eurostat.

– O IBGE divulga às 9h os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Industrial referentes a janeiro.

– Nova projeção para a safra brasileira de grãos em 2019/20 – Conab, 9hs.

– Levantamento Sistemático de Produção Agrícola de fevereiro – IBGE, 9hs.

– Dados de desenvolvimento das lavouras do Paraná – Deral, na parte da

manhã.

– Relatório de oferta e demanda mundial e norte-americana de março – USDA, 13hs.

—–Quarta-feira (11/03)

– Reino Unido:  A balança comercial de janeiro será publicada às 6h30 pelo departamento de estatísticas.

– Reino Unido: A produção industrial de janeiro será publicada às 6h30 pelo departamento de estatísticas.

– O IBGE divulga às 9h os dados sobre o Indice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) referentes a fevereiro.

– O IBGE divulga às 9h os dados sobre o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referentes a fevereiro.

– EUA: O índice de preços ao consumidor de fevereiro será publicado às 9h30 pelo Departamento do Trabalho.

– A posição dos estoques de petróleo até sexta-feira da semana passada será publicada às 11h30 pelo Departamento de Energia (DoE).

—–Quinta-feira (12/03)

– Eurozona:  A produção industrial de janeiro será publicada às 7h pela Eurostat.

– Eurozona:  A decisão de política monetária será publicada às 9h45 pelo Banco Central Europeu (BCE).

– Exportações semanais de grãos dos EUA – USDA, 9h30min.

– Dados de desenvolvimento das lavouras argentinas – Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 15hs.

– Dados das lavouras no Rio Grande do Sul – Emater, na parte da tarde.

—–Sexta-feira (13/03)

– Dados do desenvolvimento das lavouras da Argentina – Ministério da Agricultura, no início do dia.

– Dados de desenvolvimento das lavouras do Mato Grosso – IMEA, na parte da tarde.

– Dados de colheita da soja no Brasil – SAFRAS & Mercado, na parte da tarde.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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