Em cenário mais favorável, dólar fecha em R$ 5,1960, recuando 0,95%

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    Porto Alegre, 10 de agosto de 2021 – Após dar indícios de volatilidade em alguns momentos, o dólar comercial apresentou um viés de queda durante toda a terça-feira, cotado a R$ 5,1960, com recuo de 0,95%. Os motivos que levaram a essa queda são a aparente confiança do mercado de que o governo irá cumprir o teto de gastos e o tom mais austero da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã.

   Segundo o executivo-chefe da Vai Tourinho e sócio da XP Investimentos, Pablo Spyer, “todos estavam apreensivos com a divulgação do tom da ata do Copom, que confirmou a postura mais agressiva quanto à inflação”.

   “Dentre as moedas emergentes mais relevantes, neste momento o real é a mais valorizada. A divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deu um certo alívio também, principalmente na parte de Serviços”, contextualiza Spyer.

   Segundo o executivo, a PEC dos Precatórios aumentou o clima de confiança: “É um indicativo de que não irá haver pedalada, além do governo garantir que não irá estourar o teto de gastos, trazendo mais segurança para o investidor”, avalia.

   Segundo a analista de investimentos da Toro Investimentos, Stefany Oliveira, “o dólar está caminhando sem uma direção única”. Ela fala sobre os fatores que fazem a moeda oscilar tanto: “Apesar da fala do João Roma (Ministro da Cidadania), o mercado continua preocupado com a questão fiscal, se o governo cumprir as metas”, analisa.

   Por outro lado, a postura hawkish do Banco Central é um alento para o mercado: “A divulgação da ata do Copom foi recebida como um compromisso no combate à inflação”, pondera Oliveira.

   A Câmara dos Deputados pretende votar hoje uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da introdução do voto impresso nas eleições. O texto, que é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, já havia sido rejeitado em uma comissão especial, mas será levado ao plenário pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

   O clima em Brasília, porém, ficou tenso porque o Planalto decidiu fazer passar perto do Supremo Tribunal Federal (STF) um desfile de tanques e de outros equipamentos militares hoje, mesmo dia em que está prevista a votação da PEC. Isso após o presidente Jair Bolsonaro dizer que se não houver “eleições limpas” em 2022 – eleições com o voto impresso -, não haverá eleições.

   Deputados entenderam a decisão como uma provocação por parte de Bolsonaro, e a oposição considerou que o presidente agiu desta forma porque pretende dar um golpe caso o voto impresso seja descartado pela Câmara. Lira chegou a classificar o incidente como uma “trágica coincidência”.

   O Copom, por sua vez, disse em ata que  um ajuste “mais tempestivo” da taxa básica de juros (Selic) para um nível contracionista é a estratégia “mais apropriada” no momento para garantir que a inflação perca força e se alinhe às metas previstas para 2022 e 2023, segundo a ata da última reunião do grupo, ocorrida na semana passada.

   Segundo o executivo-chefe e fundador da Ohm Research, Roberto Attuch Jr., “a terça-feira não tem grandes notícias lá fora. O mercado, então, volta as atenções para os assuntos internos, como a crise política em Brasília”.

   Ele acrescentou que o momento atual é repleto de incertezas: “Apesar da postura mais hawkish [austera] do Banco Central, o mercado fica apreensivo com as notícias vindas de Brasília. O dólar deve ter um dia bastante volátil”.

     As informações partem da Agência CMA.

Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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