Estoques finais de café 2021/22 do Brasil devem cair 57%

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     Porto Alegre, 11 de junho de 2021 – Projeções de SAFRAS & Mercado mostram que os estoques brasileiros de café devem cair dramaticamente ao final da temporada 2021/22. Os estoques brasileiros deverão ficar em apenas 2,48 milhões de sacas de 60 quilos ao final de 2021/22, tendo queda de 57% no comparativo com os estoques finais de 2020/21, indicados em 5,83 milhões de sacas.

     A oferta total do Brasil 2021/22 é projetada em 62,33 milhões de sacas de 60 quilos, somando produção e estoques iniciais, com queda de 16% contra 2020/21, que tem oferta total indicada em 73,88 milhões de sacas.

     A produção brasileira 2021/22, de acordo com a estimativa de SAFRAS & Mercado, é colocada em 56,5 milhões de sacas, 19% a menos que em 2020/21, quando o país colheu uma safra recorde de 69,6 milhões de sacas. A oferta total 2021/22 é composta pela produção de 56,5 milhões de sacas mais os estoques iniciais (5,83 milhões de sacas).

     SAFRAS estima as exportações brasileiras 2021/22 em 38,35 milhões de sacas, com diminuição de 18% contra 2020/21 (46,85 milhões de sacas).

     O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destacou que a projeção da safra brasileira 2021 sofreu uma leve correção negativa, por conta do clima irregular nos primeiros meses deste ano. “É bom salientar que o efeito da estiagem em abril e boa parte de maio será melhor captado com o andamento da safra e avanço do beneficiamento”, observa.

     No lado da demanda, SAFRAS fez um ajuste no consumo doméstico, com base em informações revisadas da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café). E também uma forte correção para cima nas projeções de exportações na temporada 2020/21, ajustando-se a performance parcial de embarques. “Preço alto e grande disponibilidade justificam o ritmo acelerado de embarques no 1 semestre de 2021”, avalia Barabach. Com isso, SAFRAS elevou a projeção de embarques de café próximo a 47 milhões de sacas em 2020/21, ampliando o recorde.

     Barabach indica que o cenário para 2021/22 é de forte aperto na oferta. “Nem mesmo a recuperação nos estoques ao final da temporada em 2020/21 foi capaz de atenuar o efeito da quebra da safra brasileira 2021”, colocou.

     Nesse sentido, SAFRAS projeta queda de 18% no potencial exportável, que cairia para 38 milhões de sacas (verde+solúvel+torrado-moído). “Mas o tombo no fluxo de embarques não será suficiente para conter o recuo em 57% nos estoques, projetados em 2,48 milhões de sacas ao final do ciclo 2021/22. Isso representa uma relação estoque-consumo de 12%, que confirma o aperto e traz preocupação ao abastecimento, explicando a firmeza dos preços”, conclui Barabach.

COMERCIALIZAÇÃO

     A comercialização da safra brasileira de café de 2021/22, que está em colheita, até o último dia 08 de junho, atingia 40% do potencial de produção, contra 34% do mês anterior. O dado faz parte de levantamento mensal de SAFRAS & Mercado. O percentual de vendas é superior a igual período do ano passado, quando girava em torno em 34% da safra. O fluxo de vendas também está bem acima da média dos últimos 5 anos para o período, algo como 26%.

    Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, a justificativa para essa performance é a escalada dos preços, iniciada ao final do ano passado. Porém, agora o produtor “encurtou a mão” e reduziu o ritmo de venda da safra brasileira 2021. “Esse comportamento já é notado desde o início do ano, mas ganhou intensidade ao longo dos últimos dois meses. O clima ruim gerou medo em não cumprir os contratos de venda antecipada. E a escalada nas cotações fez crescer a aposta de alta. Isso tudo acabou afastando os vendedores do mercado”, comenta.

    De acordo com Barabach, o produtor deve continuar administrando o seu fluxo de venda, particularmente nesse período de transição entre as safras. “Até a primavera e as floradas da safra 2022 o mercado deve seguir favorável à estratégia de alongar posições, escalonando vendas. Já o recente ajuste na linha de preços e o gradual avanço da oferta nova no mercado não tem sido suficiente para mexer com o comportamento do vendedor, pelo menos, não por enquanto”, avalia.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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