Exportações e mercado de café ainda não “sofrem” tanto com pandemia

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     Porto alegre, 27 de março de 2020 – A pandemia do coronavírus, com o aumento de casos no Brasil, o isolamento social e as restrições impostas pela doença ainda não afetaram o mercado doméstico de café e não impactaram nas exportações da commodity. “O mercado físico perdeu um pouco de liquidez, mas nada fora do normal para este período de entressafra”, avaliou o analista da SAFRAS Consultoria, Gil Barabach. 

     Segundo ele, as exportações perderam ritmo, movimento que já era esperado. “Enfim, tivemos pouco efeito prático. A maior preocupação se volta para o início da colheita, que comeca em abril no conilon”, completa o analista, destacando que o comprador, inclusive, ainda está bem presente no mercado, abrindo preço e sondando diariamente.

     O mercado físico brasileiro de café apresentou preços firmes até esta quinta-feira, refletindo recentes avanços nas cotações internacionais. Entretanto, a Bolsa de Nova York caiu forte na quinta-feira e cai acentuadamente até o momento nesta sexta-feira, o que vai se refletir nas cotações no Brasil neste encerramento de semana.

     Apesar do distanciamento social, as negociações seguem ocorrendo, e a semana foi marcada por comercialização bem regionalizada, envolvendo volumes pequenos, mas o que é relativamente normal para um período de entressafra.

     A Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), entidade que representa as indústrias de café torrado e moído do Brasil, cujas empresas associadas são responsáveis por mais de 85% do mercado interno de café, informou por meio de nota à imprensa que, “apesar dos problemas logísticos e operacionais causados pela pandemia do COVID-19, o abastecimento do café seguirá normalmente afim de garantir que não haverá falta do produto nas prateleiras dos mercados, padarias e demais locais de vendas”.

    Nesta quinta-feira, no sul de Minas Gerais, o café arábica bebida boa ficou em R$ 585,00/590,00 a saca, contra R$ 590,00/595,00 do dia anterior. No cerrado mineiro, preço de R$ 590,00/595,00, contra R$ 605,00/610,00 anteriormente.

     Já o café arábica “rio” tipo 7 na Zona da Mata de Minas Gerais, com 20% de catação, teve preço de R$ 405,00/410,00, contra R$ 410,00/415,00 anteriormente. O conilon tipo 7 em Vitória, Espírito Santo, teve preço de R$ 325,00/330,00 a saca, estável.

     Exportações

     As exportações brasileiras de café em grão em março chegaram a 2.128.900 sacas de 60 quilos no acumulado do mês até o dia 22 (média diária de 141,9 mil sacas), com receita chegando a US$ 286,8 milhões (média diária de US$ 19,1 milhões), e preço médio de US$ 134,70.

     Como comparação, em fevereiro de 2020 as exportações brasileiras de café em grão totalizaram 2,810 milhões de sacas, e alcançaram 3,205 milhões de sacas em março de 2019.

     Já a receita média diária obtida com as exportações de café em grão foi de US$ 24,907 milhões na terceira semana de março (16 a 22). A média diária é de US$ 21,126 milhões, 9,1% menor no comparativo com a média diária de fevereiro de 2020, que fora de US$ 23,230 milhões.

     Em relação a março de 2019, quando a receita média diária dos embarques totais de café atingira US$ 24,348 milhões, a receita média de exportações de café de março/2020 até agora no acumulado é 13,2% menor.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS Copyright 2020 – Grupo CMA