Geadas no final de agosto provocam corte da safra brasileira de trigo

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Porto Alegre, 28 de agosto de 2020 – Com o plantio do trigo já encerrado desde o mês passado no Rio Grande do Sul e no Paraná, o mercado brasileiro, em agosto, acompanhou a situação do clima sobre as lavouras. Os trabalhos de campo avançavam tranquilamente, com boas condições para o desenvolvimento da cultura. O cenário positivo para a safra foi abalado, entre 20 e 22 de agosto, por geadas que atingiram o sul do Brasil e o Paraguai com intensidades variadas. A ocorrência provocou reajustes nas projeções para as safras em 2020.

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No Paraná, as regiões oeste e sudoeste foram atingidas moderadamente, enquanto o norte do estado não sofreu com a intempérie. Conforme o Deral/PR, aproximadamente um terço da área estadual sofreu de alguma maneira com a intempérie. Ainda assim, a nova estimativa de SAFRAS & Mercado para a produção paranaense nesta temporada representa uma queda de 6% na comparação com a anterior, passando de 3,6 para 3,4 milhões de toneladas. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, o norte do Paraná sofre com o excesso de chuvas, mantendo o solo úmido no momento em que deve ser iniciada a colheita do grão.

O Rio Grande do Sul teve todas suas lavouras de trigo afetadas pelas geadas, sendo 85% intensamente e 15% de forma moderada. O reajuste na projeção de SAFRAS & Mercado foi negativo em 10%, passando de 2,4 para 2,15 milhões de toneladas. Os núcleos regionais da Emater/RS realizam pesquisas de campo para dimensionar as perdas. Os números podem ser atualizados nos próximos dias à medida que ficarem mais claras as reais condições das lavouras. Estima-se que os efeitos da geada sejam notados de dez a quinze dias após a ocorrência.

Os preços do trigo seguem firmes no mercado brasileiro. Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, os agentes esperam por uma visão consolidada dos efeitos das geadas sobre as lavouras do Brasil e do Paraguai, o que deve acontecer nos próximos dias. “Assim, os números tendem a continuar sendo reajustados”, Pinheiro destaca que o clima segue no radar uma vez que começa a colheita no Paraná e a meteorologia indica chuvas, o que pode dificultar os trabalhos e comprometer a qualidade do grão.

Safras dos vizinhos

Na Argentina, cresceu o percentual de lavouras em situação ruim e com déficit hídrico. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 38% das lavouras tem condição de regular a ruim. Na semana passada, eram 36%. Quando à condição hídrica, 62% estão em situação de regular a seca, contra 59% na semana passada. A maior parte das áreas em situação seca estão no centro e no norte do país, onde o desenvolvimento das lavouras está nas fases reprodutivas, as mais suscetíveis a perdas.

As lavouras do Paraguai também sofreram com as geadas, tendo sua previsão de safra rebaixada em 12,5% segundo o analista Jonathan Pinheiro. A produção paraguaia é, agora, estimada em 1,05 milhão de toneladas.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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