Janeiro foi de negócios pontuais e preços do trigo em alta no Brasil

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Porto Alegre, 29 de janeiro de 2021 – O mercado brasileiro de trigo teve um mês de janeiro de negócios pontuais. A demanda segue relativamente fraca com a indústria bem abastecida e voltando, gradualmente, às atividades.

O viés dos preços ao longo do mês foi altista, levando em conta a menor oferta nacional e internacional. Além disso, o dólar vem operando em alta neste mês, com alguns momentos de retração. Assim, o produto importado chega mais caro ao Brasil. Os preços estão mais altos em importantes fornecedores globais, com destaque para a Argentina, que é a principal origem do trigo comprado pelo Brasil.

Além disso, os negócios com trigo ficam em segundo plano neste momento, com os produtores atentos às culturas de verão. O cenário contribui para a menor liquidez no mercado brasileiro e para a pouca oscilação dos preços nacionais.

A oferta global, já apertada, pode ficar ainda menor, com a possibilidade de novas compras por parte da China. O país asiático já está entre os maiores importadores de trigo do mundo.

Argentina

O ministro da Agricultura da Argentina, Luis Basterra, reconheceu a possibilidade de intervir no mercado de trigo devido ao aumento dos preços dos alimentos derivados da referida matéria-prima. “No caso do trigo, estamos vendo que eles não nos levam a forçar fechamentos de mercado para que haja trigo aqui, porque entendemos que há espaço para permitir o abastecimento do mercado”, disse Basterra em comunicados de rádio.

O ministro da Agricultura lembrou que foram produzidas 19 milhões de toneladas no ano passado e destacou que na Argentina “são consumidos cerca de 6,5 milhões de toneladas e ainda tivemos estresse no mercado”. Até o momento, os exportadores registraram cerca de 8,91 milhões de toneladas de trigo, de um saldo exportável de 10 milhões, de acordo com estimativas da Subsecretaria de Mercados do Ministério da Agricultura. A preocupação do governo acontece porque, segundo os números, 90% da oferta exportável projetada já está comprometida – em uma produção de 17 milhões de toneladas – quando faltam nove meses para a entrada da próxima safra de trigo.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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