Mercado brasileiro de arroz inicia ano de olho no dólar

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     Porto Alegre, 30 de dezembro de 2020 – O mercado brasileiro de arroz vai iniciar o ano de 2021 com preços atrativos, apesar da acomodação recentes nas cotações. Na média do Rio Grande do Sul, principal referencial nacional, a saca de 50 quilos de cereal em casca encerrou a terça-feira (29) cotada a R$ 94,85, com queda de 8% em relação à igual período do mês passado. Na comparação com o mesmo momento de 2019, porém, ainda havia alta de 96,87%.

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     Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento, apesar do recente enfraquecimento, vendendo aos preços atuais os produtores gaúchos cobririam o custo de produção e obteriam uma margem próxima a 46%. “O problema é que grande parte dos produtores já havia negociado a produção antes do salto das cotações ocorrido em meados de agosto”, lembra. “Para esses, fica a expectativa de que a próxima safra possa trazer uma remuneração mais atrativa”, pondera.

     Agora, as atenções ficam para o desempenho do dólar, que pode deixar as importações mais atrativas, caso siga perdendo força frente ao real. Em dezembro, ate a quarta semana, as importações de arroz somaram 83,829 mil toneladas base casca, com média diária de 4,657 mil toneladas. Na comparação com a média diária de dezembro de 2019, houve um incremente do 788,78%

     Sobre a safra 2020/21, o terceiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica uma produção de 10,943 milhões de toneladas, o que representa um decréscimo de 2,1% sobre as 11,183 milhões de toneladas de 2019/20. No segundo levantamento, eram esperadas 10,961 milhões de toneladas.

     A área plantada com arroz na temporada 2020/21 foi estimada em 1,719 milhão de hectares, ante 1,665 milhão semeados na safra 2019/20. A produtividade das lavouras foi estimada em 6.366 quilos por hectare, inferior em 5,2% aos 6.713 quilos por hectare na temporada passada.

     O Rio Grande do Sul, principal Estado produtor, deve ter uma safra de 7,628 milhões de toneladas, equivalendo a um recuo de 3%. A área prevista é de 968,7 mil hectares, ganho de 2,4% ante os 946 mil hectares de 2019/20, com rendimento esperado de 7.875 quilos por hectare, ante 8.316 quilos da anterior.

     Para o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, a área gaúcha de arroz na temporada 2020/21 deve ser elevada em apenas 0,9%. A produtividade em 2020/21 deve ser menor, gerando uma safra de 7,510 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 3,4% sobre a temporada passada. “Temos menos água reservada para o arroz nesta temporada”, respondeu Antônio da Luz à Agência SAFRAS, acrescentando que muitos produtores tiveram que dar “um banho de água” para plantar. “As lagoas, os reservatórios e os rios estão em níveis baixos”, finalizou.

     Rodrigo Ramos (rodrigo@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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