Mercado de trigo acompanha incerteza sobre exportações da Argentina

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Porto Alegre, 23 de abril de 2021 – O mercado brasileiro de trigo tem as atenções voltadas à Argentina. Com o crescimento do temor das intervenções governamentais sobre as exportações do país vizinho, os produtores buscam antecipar suas vendas. O analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, observa que já crescem os registros de exportações. Isso minimiza as recentes altas dos preços.

“Além disso, o mercado avalia com otimismo a nova safra, que apresenta, até o momento, um cenário climático bastante favorável. As produtividades podem ser semelhantes às da temporada atual, antes de o clima ter afetado e colaborado para o cenário baixista”, Pinheiro acredita que a intervenção do governo argentino sobre o mercado de grãos seja “questão de tempo”. O indicativo é de que isso ocorra apenas após as eleições, em outubro.

Argentina

O Ministério da Agroindústria da Argentina estimou, em seu relatório de abril, que a produção de trigo da Argentina na safra 2020/21 ficou em 17,6 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 10,9% ante as 19,75 milhões de toneladas colhidas na temporada 2019/20. Em março, a safra do país havia sido indicada também em 17,6 milhões de toneladas.

A área de trigo na safra 2020/21 do país ocupou 6,7 milhões de hectares, recuando 2,9% em relação aos 6,9 milhões de hectares plantados na temporada anterior (2019/20). Em março, a área havia sido indicada também em 6,7 milhões de hectares.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a Argentina deve produzir 20,5 milhões de toneladas de trigo em 2021/22. Na temporada anterior, foram 17,4 milhões. Com os estoques iniciais em 1,877 milhão toneladas, a oferta do país deve ficar em 22,381 milhões de toneladas.

As exportações de trigo da Argentina devem totalizar 13,9 milhões de toneladas. O consumo interno é projetado em 6,4 milhões de toneladas. Os estoques do país ao final de 20/21 devem ficar em 2,081 milhões de toneladas.

Chicago

Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os romperam, na quinta-feira, a marca de US$ 7,00 por bushel no contrato mais negociado pela primeira vez desde 14 de maio de 2014. No acumulado de abril, até o dia 22, os preços subiram quase 15%.

O clima frio adverso nos Estados Unidos e a boa demanda pelo grão do país foram os principais fatores altistas. Segundo a Reuters, as baixas temperaturas causaram danos às lavouras do Meio-Oeste e das Planícies do Sul dos EUA. Além disso, temores de aperto na oferta global e os altos preços do milho também contribuíram para a valorização.

Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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