Oferta restrita eleva preços do boi no Brasil

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     Porto Alegre, 12 de março de 2021 – O mercado físico do boi gordo foi pautado pela restrição de oferta nesta semana. No geral, os frigoríficos ainda encontram dificuldades na composição das escalas de abate, posicionadas entre dois e três dias úteis.

     “Talvez haja algum avanço da oferta de animais de pasto no final do mês. No entanto, por se tratar de rebanho extensivo, tem grande peso a decisão de venda dos pecuaristas, que ainda possuem boas condições de retenção neste momento”, informa o analista de SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.

    Apesar do recuo do câmbio, os frigoríficos habilitados a exportar para a China não mudaram seu comportamento, com muitos negócios acima da referência média. A demanda doméstica permanece como contraponto. As medidas de restrição da mobilidade mais severas em São Paulo remetem a limitações do funcionamento de bares, restaurantes e de outros estabelecimentos, o que certamente impacta na demanda.

     O mercado atacadista teve preços firmes ao longo da semana. O ambiente de negócios sugere por um menor espaço para reajustes no curto prazo, em linha com as medidas mais restritivas para conter o coronavírus em São Paulo.

    Corte traseiro ainda é precificado a R$ 20, por quilo. Corte dianteiro permanece precificado a R$ 16,10, por quilo. Ponta de agulha permanece precificada a R$ 15,70, por quilo.

     Projeções

     O mercado brasileiro do boi gordo vai apresentando preços recordes em 2021. A oferta restrita garante as altas no mercado de carne bovina, e o cenário deve se manter ao longo do ano. As amplas exportações, com a “lacuna” de oferta chinesa trazendo amplas compras de carnes brasileiras pela China, são destaque. A avaliação é do consultor de SAFRAS & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, que fez palestra durante o último dia da SAFRAS Agri Week, evento totalmente on line que ocorreu de 09 a 11 de março.

     Os preços da arroba do boi gordo chegaram a R$ 315,00 em São Paulo, patamar recorde. Iglesias destacou que o cenário econômico complicado no Brasil em meio à pandemia do coronavírus leva o consumidor médio a preferir as proteínas mais acessíveis, como a carne de frango. Assim, o setor carnes deve manter o foco nas exportações, tendo em vista que os frigoríficos não conseguem repassar ao consumidor final todo o custo com o boi gordo tão caro.

    Diante de um cenário de oferta restrita, Iglesias salientou que o ano é de retenção de fêmeas, de recomposição dos rebanhos, em função da curva de preços. “A oferta não vai melhorar ainda em 2021”, afirmou o consultor. Com a oferta restrita, as importações têm crescido pois não há matéria-prima. “Diversas unidades (frigoríficas) estão paralisando suas atividades”, comentou.

    A estimativa é de que as exportações de carne bovina do Brasil em equivalente carcaça em 2021 cheguem ao recorde de 3,0 milhões de toneladas, com aumento de 1,5% contra 2020 (2,955 milhões de toneladas).

    Iglesias observou que as exportações para a China mudaram o patamar de preços no mercado brasileiro. Em 2020, a China comprou cerca de 1,3 milhão de toneladas de carne bovina brasileira, 43,2% de toda carne bovina exportada pelo país no período. Houve um crescimento em 2020 nas exportações para a China de 76% no comparativo com 2019.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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