Pesquisa aponta conquistas e desafios da mulher no agronegócio

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     São Paulo (SP), 15 de outubro de 2021 – O agronegócio tem um papel muito importante na economia do país e foi responsável por 26% do PIB brasileiro em 2020 (fonte: CNA). Para entender os avanços e desafios envolvendo a mulher rural, a Agroligadas – entidade formada por mulheres profissionais do agronegócio – realizou a “Pesquisa sobre a participação feminina no agronegócio” em parceria com a Corteva Agriscience, a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio) e o Sicredi.

     O estudo ouviu 408 mulheres que atuam no agronegócio, com média de idade de 40 anos, de norte a sul do país, e traz dados importantes que trazem luz à participação feminina no setor. O assunto ganha força neste mês de outubro, em que se celebra o “Dia Internacional da Mulher Rural”, data estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para ressaltar a importância das mulheres na agricultura e identificar os desafios para que tenham uma participação plena e bem-sucedida no agronegócio.

     “Há tempos a figura da mulher no agro deixou de ser secundária. Aquela pessoa que apenas apoiava o marido na atividade rural deu lugar à proprietária que faz a gestão da sua lavoura de ponta a ponta. No entanto, há barreiras que precisam ser conhecidas por toda sociedade para que, assim, possam ser enfrentadas e sanadas. E essa é a importância da pesquisa”, diz Geni Caline, presidente da Agroligadas.

     Orgulho, desigualdade e acesso a crédito

     De acordo com o levantamento, 93% das brasileiras têm muito orgulho de trabalhar no campo ou na indústria agrícola. Porém, quando o assunto é desigualdade de gênero, 64% das entrevistadas acreditam que esse problema cerca a cadeia do agronegócio, mesmo 79% afirmando que a situação de hoje é melhor que há 10 anos. 

     Para 21% das entrevistadas, há otimismo e essa igualdade deverá chegar ao agronegócio em menos de 10 anos. Para que isso possa acontecer, 90% dizem que é necessário dar visibilidade aos projetos de sucesso; aumentar a capacidade de treinamento e ter acesso ao crédito de forma igualitária, para que os investimentos em maquinários, processos e capacitação de profissionais possam seguir na mesma proporção que a dos homens.

     Um ponto que chama a atenção é que 54% das mulheres acreditam que ganham menos que os homens, ainda que a desigualdade de gênero tenha diminuído na opinião das entrevistadas. O acesso a financiamento – importantíssimo para todo produtor ou produtora rural – é mais um gargalo. Do ponto de vista de igualdade de confiança do setor financeiro para aquisição de linhas de crédito, apesar de 49% das mulheres dizerem ter as mesmas facilidades, ainda afirma ter menos acesso que os homens. No entanto, 80% das mulheres buscam financiamento para empreender.  “Para o Sicredi, estudos como este são importantes para mostrar o cenário atual desse segmento produtivo, que ganha cada vez mais espaço no agro brasileiro. Especificamente para o público feminino, o Sicredi lançou, em setembro de 2020, o “Comitê Mulher”, que tem o objetivo de promover a equidade de gênero no cooperativismo de crédito e em todos os níveis de gestão das cooperativas, por meio de ações educativas que preparam as mulheres associadas para liderar, empreender e promover o desenvolvimento do nosso modelo de negócio. Nossa busca também é por debates sobre projetos apoiados pelo Sicredi na comunidade local e incentivo para mais crédito voltado a empreendimento liderados por mulheres”, aponta Marilucia Dalfert, gerente de crédito rural do Sicredi.

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