Preços do café disparam em NY com apreensão com oferta

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    Porto Alegre, 20 de novembro de 2020 – As cotações do café arábica dispararam nessa semana na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), que baliza a comercialização internacional. O mercado rompeu a importante linha de US$ 1,20 a libra-peso, em meio a preocupações com a oferta no Brasil e também em outros países. Em Londres, o robusta caiu na bolsa na semana. E o mercado brasileiro de café avançou para o arábica seguindo os ganhos de NY.

     Os momentos de otimismo nos mercados nessa semana por conta dos avanços nos testes de vacinas contra o coronavírus contribuíram para os ganhos do café. Porém, as preocupações com a próxima safra brasileira de 2021 foi aspecto importantíssimo. As chuvas ainda são insuficientes em muitas regiões. Fala-se em perdas já irreversíveis para a produção e que podem crescer se não melhorar a umidade.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o café voltou a disparar na ICE Futures US e a posição Março/21 não só rompeu como avançou bem acima da importante referência de 120 cents. E ao vencer resistências, renova o fôlego técnico de alta. “É verdade que o café pega carona no bom humor de outros mercados. As boas notícias sobre o desenvolvimento de vacinas trouxeram otimismo aos mercados globais. Isso levou à escalada de alta no petróleo, que acabou puxando também outras commodities”, comenta.

     Outro ponto de sustentação das cotações de café é a passagem do furacão Iota na América Central, trazendo mortes e destruição à Colômbia, Nicaraguá e Honduras, avaliou Barabach. “É verdade que acabou perdendo força ao tocar em terra firme, sendo rebaixado para tempestade tropical. Porém, ainda deve trazer muita chuva, especialmente para a Nicarágua e Honduras, o que pode atrasar os trabalhos de colheita e gerar problemas logísticos, prejudicando o fluxo de embarques de suaves dessas importantes origens. E, claro, isso abre espaço para alta nos preços na ICE US”, avaliou.

     No balanço da semana, o contrato março/2021 em NY subiu 9,1% entre as quintas-feiras 19 e 12 de novembro, passando de 112,95 para 123,20 centavos de dólar por libra-peso. Em Londres, o robusta caiu no mesmo período comparativo 1,7%, refletindo a entrada da safra do Vietnã.

     No Brasil, o mercado físico brasileiro manteve compasso lento, com os produtores retraídos e esperando novos avanços nas cotações. O dólar caiu no comercial na semana 3,1%, atenuando o impacto altista de NY. Ainda assim, o arábica bebida boa no sul de Minas Gerais subiu de R$ 540,00 a saca na base de compra para R$ 580,00 a saca, alta de 7,4%. O conilon caiu no mesmo período comparativo, tipo 7, em Vitória, Espírito Santo, de R$ 410,00 para R$ 400,00 a saca.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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