Preços do trigo recuam no Brasil, acompanhando queda do dólar

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     Porto Alegre, 11 de dezembro de 2020 – O mercado brasileiro de trigo registra gradual retração nos preços ao longo dos últimos dias, refletindo fatores como uma redução na demanda doméstico, acompanhada de uma forte queda do dólar, fator decisivo para a perda de competitividade do trigo nacional ante o importado.

     Segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, com menor custos de aquisição do trigo importado, o preço do trigo doméstico deve seguir em baixa, se ajustando à nova situação de preços pelas paridades de importação. Além disso, a oferta interna se mantém em alta, já que boa parcela do trigo colhido recentemente ainda não foi negociada, e a colheita na Argentina, principal fornecedora de trigo ao Brasil, ainda está em progresso.

     Os trabalhos de colheita no país vizinho evoluíram expressivos 13,6 pontos percentuais na semana, para 53,5%, ficando 7,8% atrasados em relação ao mesmo período do ano passado.

     “Oscilações cambiais eventualmente ainda poderão mudar a conjuntura do mercado, porém, com o câmbio se sustentando mais próximo dos R$ 5,00, os reajustes para baixo poderão seguir ocorrendo neste mercado”, assinalou Pinheiro.

     USDA

     O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou nesta quinta-feira seu relatório de oferta e demanda de dezembro, com projeções para a safra 2020/21 de trigo nos Estados Unidos.

     A produção do cereal no país em 2020/21 é estimada em 1,826 bilhão de bushels, mesmo volume de novembro. Para a safra 2019/20, a produção estadunidense ficou em 1,932 bilhão de bushels.

    Os estoques finais do país em 2020/21 foram projetados em 862 milhões de bushels, contra 877 milhões em novembro e 1,028 bilhão de bushels em 2019/20. O mercado esperava 874 milhões de bushels.

     A safra mundial de trigo em 2020/21 é estimada em 773,66 milhões de toneladas, contra 772,38 milhões de toneladas em novembro. Para 2019/20, o número ficou em 764,5 milhões de toneladas.

     Os estoques finais globais em 2020/21 foram estimados em 316,5 milhões de toneladas, abaixo das 320,45 milhões de toneladas estimadas no mês passado. O mercado esperava 321,5 milhões de toneladas. Para 2019/20, as reservas finais são previstas em 300,62 milhões de toneladas, acima das 300,2 milhões esperadas pelo mercado.

    O consumo global em 2020/21 está estimado em 757,78 milhões de toneladas, contra 752,68 milhões de toneladas em novembro e 747,98 milhões de toneladas em 2019/20.

     Dylan Della Pasqua (dylan@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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