SAFRAS aponta perspectiva de queda de 18% na safra Brasil 2021 de café

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SAFRAS aponta perspectiva de queda de 18% na safra Brasil 2021

    Porto Alegre, 18 de dezembro de 2020 – SAFRAS & Mercado divulgou nesta semana uma revisão para cima na estimativa da produção de café do Brasil em 2020 e as primeiras impressões para a safra de 2021, prevendo uma quebra na colheita de 18%. Segundo SAFRAS, a produção brasileira de café 2020/21, colhida neste ano de 2020, chegou a 69,5 milhões de sacas, revisando para cima a safra total em relação a sua última sondagem, que indicava 68,1 milhões de sacas. A projeção é feita por sondagem junto a cooperativas, produtores, exportadores, comerciantes, armazenadores e Secretarias de Agricultura.

     A safra de arábica foi revisada para cima de 48,2 para 50,1 milhões de sacas, enquanto a produção de conilon foi revista para baixo de 19,9 para 19,4 milhões de sacas. Assim, SAFRAS estima para 2020/21 um aumento na produção total de 16,4%, já que em 2019/20 o país colhera 59,7 milhões de sacas. A safra de arábica cresceu 20,7% (em 2019/20 havia colhido 41,5 milhões de sacas), enquanto a colheita do conilon aumentou 6,6%, de 18,2 para 19,4 milhões de sacas.

     Segundo o consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, o resultado final da safra de arábica do Brasil 2020/21 trouxe surpresas positivas. A produção ficou acima do esperado, o que justifica a revisão para cima na safra de arábica do Brasil, projetada agora em 50,10 milhões de sacas, com incremento de 3,9% em relação à estimativa anterior, feita no início dos trabalhos de colheita. “Os ganhos no arábica acabaram compensando as perdas observadas no  conilon”, ressaltou. A safra brasileira de conilon foi revisada para 19,40 milhões de sacas, queda de 2,5% em relação à projeção de abril.

     Em linhas gerais, a safra de café do Brasil 2020/21 cresceu 2% em relação à previsão anterior e é projetada atualmente em 69,50 milhões de sacas.

2021

     O potencial da produção brasileira de café 2021/22, que será colhida no próximo ano, deve ficar em 57,10 milhões de sacas, o que corresponde a uma quebra geral de 18% em relação à safra 2020/21, estimada em 69,5 milhões de sacas. A avaliação é de SAFRAS & Mercado, com impressões ainda preliminares sobre a produção do próximo ano, destacando que o clima pode agravar a queda na safra.

     Barabach diz que a produtividade alcançada no arábica nesse ano de 2020 deve causar forte estresse na planta e afetar negativamente a safra 2021 (bienalidade). “Já o atraso nas floradas junto com as temperaturas acima da média e as chuvas irregulares no pós-florada, o que trouxe muito abortamento, devem reforçar substancialmente o impacto negativo sobre a produção de arábica do próximo ano”, comenta.

     Os problemas são generalizados, mas Barabach indica que o quadro parece mais drástico na região do Sul de Minas Gerais, que responde por 40% da produção de arábica nacional, e sinaliza quebra potencial de 35%. A ideia preliminar é de uma quebra na produção nacional de arábica da ordem de 30%, o que derrubaria a produção para algo em torno de 35,20 milhões de sacas. “O aumento esperado na produção de conilon deve ajudar aliviar o impacto das perdas do arábica”, comenta.

     Para o consultor, trata-se de um volume insuficiente para fazer frente às necessidades. “Tomando um consumo interno de 24 milhões de sacas, restaria um saldo exportável de apenas 33 milhões de sacas. Uma situação mais clara só a partir de fevereiro ou março de 2021, onde poderemos validar ou não essas impressões preliminares”, avalia. No entanto, “é bom lembrar que nos primeiros meses do ano é o período de granação (formação do grão), havendo, por isso, a necessidade de chuvas mais regulares e intensas. E os modelos meteorológicos indicam chuvas abaixo do média para boa parte do cinturão cafeeiro ao longo do 1º trimestre de 2021, o que pode agravar ainda mais essa situação já bastante preocupante”, adverte.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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