Setor de máquinas vem enfrentando bem pandemia, como a agricultura – New Holland

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     Porto Alegre, 25 de junho de 2020 – O setor de máquinas agrícolas vai enfrentando bem os efeitos sobre a economia da pandemia do coronavírus, com um impacto menor, assim como a agricultura brasileira. A avaliação parte do vice-presidente da New Holland Agriculture, Rafael Miotto, em live no Instagram de SAFRAS realizada nesta quinta-feira, com apresentação do jornalista e editor chefe da Agência SAFRAS, Dylan Della Pasqua. O tema da live foi a “O mercado de máquinas agrícolas: Desafios da indústria em meio à pandemia”.

     Segundo Miotto, há diferenças no setor de máquinas no varejo e no atacado no “enfrentamento” da pandemia. Após um período de temores, o varejo reagiu nas vendas de máquinas e agora está em patamares normais, devendo fechar 2020 neutro no comparativo com 2019. Já o atacado teve um pouco mais de dificuldades, mas também hoje vive um aquecimento e deve fechar com desempenho de 5% a 10% abaixo de 2019 neste ano de pandemia.

     Os concessionários da cadeia, como destaca Miotto, buscaram e buscam trabalhar com segurança no fluxo de caixa, para estarem bem preparados pelos riscos envoltos na economia na pandemia. “Mas estou bem otimista. Está melhor do que em projeções anteriores e a tendência é de recuperação mais rápida do que imaginávamos”, comentou.

     Falando sobre os impactos da valorização do dólar, o vice-presidente da New Holland indicou que a agricultura continuou firme, com as cotações dos grãos reagindo em reais com a alta da moeda americana. Para ele, em 2021 as cotações em reais dos grãos ainda deverão estar muito boas para o produtor, com o dólar ainda sustentando. Na área das máquinas, o aumento do dólar trouxe incremento de custos de produção, com produtos importados necessários ficando mais caros, mas houve competitividade para as exportações.

     Ele diz que para o setor de máquinas, os grãos deram uma impulsionada, permitindo uma recuperação do setor. Porque outras áreas, como hortifrutigranjeiros e agricultura familiar estão “sofrendo bem mais” e isso impacta na hora de comprar maquinários agrícolas. “Eles precisarão de mais meses para se recuperar e investir, dependendo mais da economia doméstica”, avaliou Miotto. Citou ainda que o setor de cana-de-açúcar também enfrenta maiores dificuldades, com oscilações, assim como os produtores de algodão.

     Embora com problemas em algumas cadeias, como na cana e no algodão, a pandemia não prejudicou as vendas de máquinas em nenhum estado ou região específica. Mas tornou a dizer que a agricultura familiar foi mais afetada, não contando com fornecimento de merenda escolar (com aulas suspensas).

     Respondendo a uma pergunta na Live sobre como vão as negócios com máquinas nos países do Mercosul, Miotto disse que a pandemia do coronavírus trouxe efeitos diferentes dependendo das nações. Observou que a Argentina está melhor nesse segmento, assim como o Brasil. “Na Argentina o mercado está muito bom, surpreendendo”, comentou. Destacou que os produtores argentinos estão com o benefício do dólar em alta e podem investir em equipamentos agrícolas. Já no Paraguai, Uruguai e Chile (frutas), por características de ramos de produção agrícola, os agricultores não estão tendo tanto benefício do câmbio. Nesses países a indústria está com vendas 50% menores.

FEIRAS

     O setor de máquinas sempre usou muito as feiras agropecuárias como estratégia de marketing e para vendas efetivas. Sem elas devido à pandemia, as empresas estão tendo de se adequar. Miotto afirmou que a New Holland investiu na divulgação de seus produtos de outras formas, citando promoção na Live dos cantores sertanejos Jorge e Matheus.

     Destacou que os produtores muitas vezes aguardam por uma feira para conhecer as máquinas e comprar. “Mudou essa calendarização das vendas”, afirmou. Os lançamentos estão sendo feitos de outras formas, mas as vendas estão ocorrendo. “Mudamos um pouco e os compradores também devem comprar em outros períodos”, disse.

     A Expointer está marcada inicialmente para 26 de setembro em Esteio, no Rio Grande do Sul. O vice-presidente da New Holland afirmou que a New Holland não vai participar do evento. Indicou que, pelo comportamento do coronavírus, que “monitoramos nas capitais e no interior”, existe a possibilidade da feira ocorrer e com muitas restrições. Porém, a decisão por ocorrer ou não a Expointer pode ser muito “em cima do evento”, e é necessária toda uma preparação para a New Holland. Daí a decisão de não participar.

     Porém, Miotto não descarta que ainda esse ano a New Holland participe de alguma feira. O problema é que podem ocorrer feiras fora de época, “batendo” com o período de plantio das safras de grãos, o que restringe a participação dos produtores.

Cuidados com a Covid-19

     O vice-presidente da New Holland afirmou que a empresa tomou e está tomando todos os cuidados sanitários com funcionários e instalações para o enfrentamento do coronavírus, o que contribui para estarem indo relativamente bem no momento. “Temos sanitização de peças, nos preocupamos com todas as pontas. Aprendemos a lidar com isso. Quem pode faz home office”, afirmou.

     Os concessionários estão conseguindo trabalhar e vender, com métodos de redução de contágio. Citou a fábrica de Curitiba, no Paraná, onde no refeitório os funcionários não têm contato com as mãos com quase nada, seguindo todos os protocolos. “Estamos preparados para o que vier”, disse.

     Salientou, porém, que há um grande efeito “emocional” sobre todos, um impacto emocional. “Devemos tomar muito cuidado, essa doença não é brincadeira. E precisamos começar a nos preparar para um retorno nos próximos meses. Começar a aprender com tudo o que fizemos diferente nos últimos meses”, concluiu, referindo-se a aspectos que poderão permanecer no pós-pandemia.

     Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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